sexta-feira, 22 de julho de 2011

ESDE - 29/07/2011 - Assunto: ABORTO

Livro dos Espiritos - questões

358. Constitui crime a provocação do aborto, em qualquer período da gestação?

“Há crime sempre que transgredis a lei de Deus. Uma mãe, ou quem quer que seja, cometerá crime sempre que tirar a vida a uma criança antes do seu nascimento, por isso que impede uma alma de passar pelas provas a que serviria de instrumento o corpo que se estava formando.”

359. Dado o caso que o nascimento da criança pusesse em perigo a vida da mãe dela, haverá crime em sacrificar-se a primeira para salvar a segunda?

“Preferível é se sacrifique o ser que ainda não existe a sacrificar-se o que já existe.”

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Tema do Estudo do dia 29/10/2010

DA LEI DIVINA OU NATURAL

Caracteres da Lei Natural
Dentro da obra magistral que é "O Livro dos Espíritos", encontramos em sua parte terceira - Das Leis Morais, a correlação direta com os ensinamentos maiores trazidos pelo Mestre Jesus e que se encontram consubstanciado no seu Evangelho.
E no capítulo I da Parte Terceira, encontramos a Lei Divina ou Natural, lei esta que nos rege e da qual derivam todas as demais, demonstrando a sabedoria, a inteligência suprema de quem as criou, bem como a infinita justiça e amor para com todas as criaturas.


E abrindo este capítulo, no subtítulo "Caracteres da lei natural", a questão 614 indaga o que se deve entender por lei natural, ao que a Espiritualidade responde:
" A lei natural é a lei de Deus. É a única verdadeira para felicidade do homem. Indica-lhe o que deve fazer ou deixar de fazer e ele só é infeliz quando dela se afasta."
E complementam as questões seguintes:
615. É eterna a lei de Deus?
"Eterna e imutável como o próprio Deus."
616. Será possível que Deus em certa época haja prescrito aos homens o que noutra época lhes proibiu?
"Deus não se engana. Os homens é que são obrigados a modificar suas leis, por imperfeitas. As de Deus, essas são perfeitas. A harmonia que reina no universo material, como no universo moral, se funda em leis estabelecidas por Deus desde toda a eternidade."
617. As leis divinas, que é o que compreendem no seu âmbito? Concernem a alguma outra coisa, que não somente ao procedimento moral?
"Todas as da Natureza são leis divinas, pois que Deus é o autor de tudo. O sábio estuda as leis da matéria, o homem de bem estuda e pratica as da alma.
a) - Dado é ao homem aprofundar umas e outras?
"É, mas em uma única existência não lhe basta para isso."
* Comenta Kardec: efetivamente, que são alguns anos para a aquisição de tudo o de que precisa o ser, a fim de se considerar perfeito, embora apenas se tenha em conta a distância que vai do selvagem ao homem civilizado? Insuficiente seria, para tanto, a existência mais longa que se possa imaginar. Ainda com mais forte razão o será quando curta, como é para a maior parte dos homens.
Entre as leis divinas, umas regulam o movimento e as relações da matéria bruta: as leis físicas, cujo estudo pertence ao domínio da Ciência.
As outras dizem respeito especialmente ao homem considerado em si mesmo e nas suas relações com Deus e com seus semelhantes. Contém as regras da vida do corpo, bem como as da vida da alma: são as leis morais.
618. São as mesmas, para todos os mundos, as leis divinas?
"A razão está a dizer que devem ser apropriadas à natureza de cada mundo e adequadas ao grau de progresso dos seres que os habitam."

Ä O Conhecimento da Lei Divina ou Natural -
A ciência vem se dedicando exclusivamente ao estudo dos fenômenos do mundo físico, suscetíveis de serem examinados pela observação e experimentação, deixando a cargo das religiões o trato das questões espirituais.
Com o avanço científico nos últimos séculos, principalmente no XIX, começou a haver uma guerra entre a ciência e a religião.
Apoiada na Razão, e superestimando os descobrimentos no campo da matéria, a Ciência passou a zombar da religião, enquanto esta, revidava como podia, lançando maldições às conquistas daquela, apontando-as como contrárias a fé.
Devido à posição extremada que tomaram e ao ponto de vista exclusivo que defendiam, Ciência e Religião deram a humanidade a falsa impressão de serem irreconciliáveis e que os triunfos de uma deveriam custar, necessariamente, o enfraquecimento de outra.
Felizmente não é assim.
Se é exato que a Religião não pode ignorar os fatos naturais comprovados pela ciência, sem desacreditar-se, esta, igualmente, jamais chegaria a completar-se se continuasse a ignorar o elemento espiritual.
Quanto mais o homem desenvolver suas faculdades intelectuais e aprimorar suas percepções espirituais, tanto mais vai-se inteirando de que o mundo material , esfera de ação da ciência, e a ordem moral, objeto especulativo da religião, guardam íntimas e profundas relações entre si, concorrendo, uma e outra, para a harmonia universal, mercê das leis sábias, eternas e imutáveis que os regem, como sábio, eterno e imutável é o seu legislador.
O conhecimento da Lei Divina ou Natural faz parte do progresso espiritual do homem. Revelada através dos tempos, e pouco a pouco, não se submete às injunções transitórias das paixões humanas, que sempre desejaram padronizá-la à sua própria vontade, submetendo-a a sua desonesta determinação.
Rodolfo Calligaris, no seu livro "As Leis Morais", no capítulo referente "As leis morais da vida", nos ensina que: "Ninguém contesta ser absolutamente indispensáveis habituar-nos pouco a pouco, com a intensidade da luz para que ela nos deslumbre e nos deixe cegos. A verdade, do mesmo modo, para que seja útil, precisa ser revelada de conformidade com o grau de entendimento de cada um de nós.
Daí não ter sido posta, sempre, ao alcance de todos, igualmente dosada".
Por outro lado não basta que apenas nos informemos a respeito da lei divina. É necessário que a compreendamos no seu verdadeiro sentido, para que possamos observá-la. Todos podem conhecê-la, mas nem todos a compreendem. Os homens de bem e os que se decidem a investigá-la são os que melhor a compreendem. Todos, entretanto, há compreenderão um dia, porquanto forçoso é que o progresso se efetue.
Por compreender isso foi que Paulo, em sua primeira epístola aos Coríntios (13:11), se expressou desta forma: "Quando eu era menino, falava como menino, julgava como menino, discorria como menino; mas depois que cheguei a ser homem feito deixei de lado as coisas que eram de menino".
E, aqui, outra contribuição do Espiritismo a humanidade, pois segundo ensinamentos, em todas as épocas e em todos os quadrantes da terra, sempre houve homens de bem inspirados por Deus para auxiliarem a marcha evolutiva da humanidade. Dentre todos, porém, foi Jesus o modelo da misericórdia divina.
625. Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo?
"Jesus."
* "Complementa Kardec: Para o homem, Jesus constitui o tipo da perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da lei do Senhor, porque, sendo ele o mais puro de quantos têm aparecido na Terra, o Espírito Divino o animava.
Quanto aos que, pretendendo instruir o homem na lei de Deus, o têm transviado, ensinando-lhes falsos princípios, isso aconteceu por haverem deixado que os dominassem sentimentos demasiado terrenos e por terem confundido as leis que regulam as condições da vida da alma, com as que regem a vida do corpo. Muitos hão apresentado como leis divinas simples leis humanas estatuídas para servir às paixões e dominar os homens."
Há dor e loucura, fome, miséria moral e social em larga escala, num atestado inequívoco do primarismo moral que rege os indivíduos e as coletividades ditas civilizados.
As leis morais da vida são inadiáveis, portanto. É uma subdivisão da lei divina ou natural. "São de todos os tempos as leis morais da vida, estabelecidas pelo Supremo Pai.
"Invioláveis, constituem o roteiro da felicidade pelo rumo evolutivo, impondo-se lentamente, à inteligência humana achando-se estabelecidas nas bases da harmonia perfeita em que se equilibra a Criação".
Estando as leis divinas, escritas no livro da natureza, e na consciência, possível foi ao homem conhecê-la logo que a quis procurar.
621. Onde está escrita a lei de Deus?
"Na consciência."
a) - Visto que o homem traz em sua consciência a lei de Deus, que necessidade havia de lhe ser ela revelada?
"Ele a esquecera e desprezara. Quis então Deus lhe fosse lembrada."
626. Só por Jesus foram reveladas as leis divinas e naturais? Antes do seu aparecimento, o conhecimento dessas leis só por intuição os homens o tiveram?
"Já não dissemos que elas estão escritas por toda parte? Desde os séculos mais longínquos, todos os que meditaram sobre a sabedoria hão podido compreendê-las e ensiná-las. Pelos ensinos, mesmo incompletos, que espalharam, prepararam o terreno para receber a semente. Estando as leis divinas escritas no livro da Natureza (Grifos nossos), possível foi ao homem conhecê-las, logo que as quis procurar. Por isso é que os preceitos que consagram foram, desde todos os tempos, proclamados pelos homens de bem; e também por isso é que elementos delas se encontram, se bem que incompletos ou adulterados pela ignorância, na doutrina moral de todos os povos saídos da barbárie."
As leis morais, que a Codificação de Kardec expressa, são as seguintes "de adoração, do trabalho, de reprodução, de conservação, de destruição, de sociedade, do progresso, de igualdade, de liberdade e, por fim, a de justiça, de amor e de caridade ".
A última lei é a mais importante, por ser a que faculta ao homem adiantar-se mais na vida espiritual, visto que resume todas as outras.
O Bem e o Mal -
Moral, sendo um "conjunto de regras que constituem os bons costumes, concretiza os princípios salutares de comportamento de que resultam o respeito ao próximo e a si mesmo.
Decorrência natural da evolução, estabelece as diretrizes seguras em que se fundam os alicerces da Civilização, produzindo matrizes de caráter que vitalizam as relações humanas, sem as quais os homens, por mais avançados nos esquemas técnicos, poucos passos teria conseguido desde os estados primários do sentimento.
Indagados os Espíritos que participaram da Codificação sobre qual a definição que se pode dar de moral, (Questão 629), eles responderam:
"A moral é a regra de bem proceder, isto é, de distinguir o bem do mal. Funda-se na observância da Lei de Deus. O homem procede bem quando tudo faz pelo bem de todos, porque então cumpre a lei de Deus".
O bem é tudo aquilo que está em conformidade com a Lei Divina e, consequentemente, de forma contrária, o mal é tudo aquilo que dela se afasta. Assim, fazer o bem é estar em conformidade com a Lei de Deus, e fazer o mal é infringir essa lei.
Afim de não se equivocar na apreciação do bem e do mal, é importante observar o que Jesus nos ensinou: "Vede o que quereríeis que se fizesse, ou que não se fizesse para vós". Tudo está nisso: fazer ao próximo o que gostaríamos que ele nos fizesse.
Perante a Lei de Deus, não há castigos nem recompensas, mas, somente conseqüências.
A Lei de Deus é a mesma para todos, mas o mal depende sobretudo, da vontade que se tem de fazê-lo.
O homem é mais culpável à medida que sabe melhor o que faz.
De acordo com as circunstâncias, o bem e o mal têm uma gravidade relativa. A responsabilidade será proporcional aos meios que o indivíduo tem de compreender o bem e o mal.
É assim que o homem esclarecido que comete uma simples injustiça é mais culpável do que o ignorante que se abandona os seus instintos.
O mal é de responsabilidade maior de quem o causa. Assim, o homem que é conduzido ao mal pela posição que lhe é dada pelos seus semelhantes, é menos culpável do que aqueles que lhe são a causa.
Cada um responderá não apenas pelo mal que haja feito, mas também do que haja provocado.
Aquele que não faz o mal, mas dele se aproveita, é como se o cometesse, pois o "aproveitar" nessas condições, tem praticamente o mesmo peso de "participar".
O desejo do mal é tão repreensível quanto o próprio mal, se o que falta é apenas ocasião. Há, contudo, virtude em resistir voluntariamente ao mal que se deseja praticar.
Os Espíritos superiores revelam-nos que a moralidade se fundamenta no progresso espiritual das pessoas, e é adquirido paulatinamente, através das diversas experiências reencarnatórias; isto porque sua observância tem como base ou alicerce o conhecimento e a prática da Lei de Deus, esclarecendo, sobretudo, que o progresso moral está intimamente ligado à prática do bem.
A partir do momento em que o relacionamento humano se expandiu pelas necessidades de vivências comutativas, sentiu o homem desejo de elaborar leis que estabelecessem organizações mais apropriadas ao meio em que vivia. Nesse período evolutivo, os seres humanos começaram a fazer distinção entre o bem e o mal. "Somente a partir de Sócrates passou a Moral a ser considerada pela filosofia. Até então, a moral era exercida arbitrariamente, de acordo com o equilíbrio ou desequilíbrio individual.
O sentido de moralidade é um só; ou seja, é a norma de bem proceder em quaisquer circunstâncias, independente do estado sócio-econômico do indivíduo; devemos cuidar para não confundir conveniências sociais, as quais podem gerar dissolução dos costumes, com a verdadeira prática da moral.
Em qualquer época, o homem que conhece e pratica a Lei de Deus é um ser moral. É um ser que não se prende às superficialidades das convenções e dos modismos da chamada sociedade ou civilização moderna.
À medida que vamos aprendendo a distinguir o bem do mal, vamos nos moralizando.
Pela inteligência e acreditando em Deus, pode o homem distinguir o que é certo do que é errado.
Deus promulgou leis plenas de sabedoria, tendo por único objetivo o bem. Em si mesmo encontra o homem tudo o que lhe é necessário para cumpri-las. A consciência lhe traça a rota e, ao demais, Deus lhe lembra constantemente por intermédio de seus messias e profetas, de todos os Espíritos encarnados que trazem a missão de o esclarecer, moralizar e melhorar e, nestes últimos tempos, pela multidão dos Espíritos desencarnados que se manifestam em toda parte. Se o homem se conformasse rigorosamente com as leis divinas, não há dúvida de que se pouparia aos mais agudos males e viveria ditoso na Terra. Se assim não procede, é por virtude do seu livre-arbítrio: sofre então as conseqüências do seu proceder.
Entretanto, Deus, todo bondade, pôs o remédio ao lado do mal, isto é, faz que do próprio mal saia o remédio. Um momento chega em que o excesso do mal moral se torna intolerável e impõe ao homem a necessidade de mudar de vida. Instruído pela experiência, ele se sente compelido a procurar no bem o remédio, sempre por efeito do seu livre-arbítrio. Quando toma melhor caminho, é por sua vontade e porque reconheceu os inconvenientes do outro. A necessidade, pois, o constrange a melhorar-se moralmente, para ser mais feliz, do mesmo modo que o constrangeu a melhorar as condições materiais de sua existência.
A prática do bem está, pois, relacionada com o grau de responsabilidade do homem; com o progresso, o mal decrescerá automaticamente. O mal tem um caráter relativo e passageiro; é a condição da alma ainda criança que se ensaia para a vida. Pelo simples fato dos progressos feitos, vai pouco a pouco diminuindo, desaparece, dissipa-se, à medida que a alma sobe os degraus que conduzem ao poder, à virtude, à sabedoria!
Então a Justiça patenteia-se no Universo; deixa de haver eleitos e condenados; sofrem todas as conseqüências de seus atos, mas todos reparam, resgatam e, cedo ou tarde, se regeneram para evoluírem desde os mundos obscuros e materiais até a Luz Divina.
O mal não tem, pois, existência real, não há mal absoluto no Universo, mas em toda parte a realização vagarosa e progressiva de um ideal superior. Por toda a parte, a grande lida dos seres trabalhando para desenvolver em si, à custa de imensos esforços, a sensibilidade, o sentimento, à vontade, o amor!
No livro "Joanna de Ângelis responde", na questão 136, é indagado: "Qual o mais eficiente antídoto contra o mal?" Resposta – "O trabalho é, ao lado da oração, o mais eficiente antídoto contra o mal, porquanto conquista valores incalculáveis com que o Espírito corrige as imperfeições e disciplina a vontade.
O momento perigoso para o cristão decidido é o do ócio, não o do sofrimento nem o da luta áspera.
Na ociosidade surge e cresce o mal. Na dor e na tarefa fulguram a luz da oração e a chama da fé".
A problemática do mal e as soluções promovidas pelo bem, estão magistralmente sintetizadas em O Livro dos Espíritos, que nos diz:
Questão 642: "Para agradar a Deus e assegura a sua posição futura, bastará que o homem não pratique o mal?"
Resposta – "Não, cumpre-lhe fazer o bem no limite de suas forças, porquanto responderá por todo mal que haja resultado de não haver praticado o bem."
Divisão da lei Natural –
Na máxima do amor ao próximo ensinada por Jesus, está contida toda a Lei de Deus, pois encerra todos os deveres dos homens entre si.
A Lei material compreende todas as circunstâncias da vida, mas os homens necessitam de regras precisas, pois preceitos gerais e vagos deixam margem às interpretações várias.
Questão 648 de O Livro dos Espíritos:
"Que pensais da divisão da lei natural em dez partes, compreendendo as leis de adoração, trabalho, reprodução, conservação, destruição, sociedade, progresso, igualdade, liberdade e, por fim, a de justiça, amor e caridade?
"Essa divisão da lei de Deus em dez partes é a de Moisés e de natureza a abranger todas as circunstâncias da vida, o que é essencial. Podes, pois, adotá-la, sem que, por isso, tenha qualquer coisa de absoluto, como não o tem nenhum dos outros sistemas de classificação, que todos dependem do prisma pelo qual se considere o que quer que seja. A última lei é a mais importante, por ser a que faculta ao homem adiantar-se mais na vida espiritual, visto que resume todas as outras."
Bibliografia:
Kardec, Allan – O Livro dos Espíritos. III Parte, capítulo I – Da Lei Divina ou Natural.
Kardec, Allan – A Gênese – Cap. III, item 3, 6 e 7 – O Bem e o Mal.
Denis, Léon – O Problema do ser do destino e da dor – Justiça e responsabilidade – Segunda parte, cap. XVIII.
Franco, Divaldo Pereira – Leis morais da vida – Leis morais da vida – parte I.
Franco, Divaldo Pereira – pelo Espírito Joanna de Ângelis – Estudos Espíritas – Moral. Cap. 22.
Calligaris, Rodolfo – As Leis Morais.

LEI DIVINA OU NATURAL

É a lei de Deus, tendo-o como princípio imanente e transcendente do universo, causa e meta, princípio e finalidade; é lei também dita natural porque Deus, estando em tudo, e tudo em Deus, a natureza está prenhe de Deus, que está presente na energia que se transforma em matéria, tanto quanto no espírito que se transforma em consciência, porque nada existe sem ser em Deus.

Por ser uma lei natural é infeliz o que dela se afasta, não por desconhecê-la, mas por repudiá-la. Sendo uma conseqüência da sua presença, ela é eterna e imutável quanto ao tempo e espaço, mas percebida pelos homens na medida em que evoluem e dilatam o seu universo consciencial. Conforme seja considerada, a lei natural tanto rege fenômenos da matéria, sendo estudada pelo homem ligado às ciências acadêmicas, na física, química, biologia, astronomia, etc., como fenômenos do espírito, relacionado com o seu criador - Deus - ou com os seus semelhantes - outros homens e seres da natureza: animais, vegetais, minerais - formando as leis morais. A lei natural, ou divina, está apropriada para cada mundo, na faixa da sua evolução, embora seja a mesma sob o ponto de vista universal. Todos um dia a compreenderão embora muitos a conheçam e não a consigam entender nem respeitar, sofrendo as conseqüências desse desrespeito. Como está insculpida na consciência da criatura, ela é tanto mais compreendida quanto mais aperfeiçoado (evoluído) o ser, facilitando os seus maus instintos o esquecimento. Para tanto a bondade divina providencia, de tempos a tempos, a vinda de espíritos superiores, que a encarnam em extensão e profundidade. Vivendo-a exemplarmente, servem como modelos catalisadores da mudança de costumes de uma população, de uma sociedade, da humanidade toda, dependendo do raio de ação de tais missionários. Alguns falham, não conseguindo dar bom termo às suas tarefas e, entre os ensinamentos reais e verdadeiros, misturam os seus erros e fantasias, obrigando assim os seus seguidores a permanentemente exercitarem a análise e a crítica. Na Antiguidade, eram conhecidos como profetas, e os verdadeiros eram os que não apenas sobressaíam pelas palavras, mas os que testemunhavam pelo exemplo vivo. Entre todos os que até hoje vieram ao encontro do homem o mais perfeito foi Jesus, que conseguiu, na sua longa jornada evolutiva, incorporar de tal forma as leis divinas que as vivia naturalmente, respirando-as e transudando-as através dos seus atos. É o modelo mais perfeito que o homem tem, e hoje os seus ensinamentos, vertidos em forma simbólica ou através de histórias, têm, pelo espiritismo, uma explicação mais lógica e coerente com a época e os conhecimentos atuais, fugindo das características da Antiguidade, quando os princípios das leis divinas e naturais eram tidos como mistérios, abertos apenas a alguns iniciados. A doutrina espírita, com o seu corpo de ensinamentos, vem popularizar o conhecimento antes fechado às grandes massas, que tinham de se contentar em seguir de olhos vendados os seus pretensos mestres que, gozando da possibilidade do poder, abusavam da ignorância do povo, impingindo-lhe crendices e temores infundados, misturando conceitos de bem e de mal. Para a doutrina espírita, a moral tem a ver com o procedimento, isto é, a idéia transformada em ação e em maneira de ser, visando o bem comum. O bem seria a aplicação, nos limites do conhecimento e da possibilidade, das leis divinas, e o mal a ausência da aplicação destas leis ou, no caso contrário, a agressão a estas mesmas leis. Por intuição o homem sabe o que é a lei divina, bastando para isso não se deixar dominar pelos seus interesses egoístas e vaidosos. Na máxima cristã de não fazer aos outros o que não quer que lhe façam, e mais, fazer aos outros o que gostaria que lhe fizessem, está o resumo de tudo. O mal não é uma criação ativa de Deus, que se apresenta no homem como parte da sua natureza; ele é a negação do bem que cumpre ser desenvolvido pelo homem, é a resistência criada pelo homem para a sua própria libertação e crescimento. Na medida em que o homem se desenvolve e sabe quanto bem deve fazer, e se omite, não se esforçando por concretizá-lo, mais responsável se torna perante as leis divinas pelo mal que pratique. Este tanto pode ser caracterizado pelas ações contrárias ao bem quanto simplesmente pela ausência deste. Por isso, o nível de responsabilidade da consciência ignorante não é o mesmo que o do homem dito esclarecido, pois, dependendo das circunstâncias, como da falta de ocasião de praticá-lo, só o simples desejo de perpetrá-lo já dá ao homem um sentimento de responsabilidade pelas suas conseqüências. Todos podem praticar o bem, porque ele não consiste em o indivíduo considerar-se grandioso nos atos de caridade, mas, simplesmente, em tornar-se útil no nível evolutivo em que está. Há mérito em se resistir ao mal que provém do meio em que se vive e, às vezes, isso ocorre como uma provação das nossas forças, podendo também o mal exercer um arrastamento forte sobre o caráter do indivíduo, mas nunca irresistível, pois a vontade é soberana em quaisquer circunstâncias, não se podendo atribuir ao meio a responsabilidade de atos que a consciência aprova ou não. A lei natural, tratando-se do comportamento do homem em relação ao seu semelhante, é a do amor ao próximo como a si mesmo.

domingo, 3 de outubro de 2010

Tema de Estudo para o dia 08/10/2010

Tema de Estudo para o dia 08/10/2010

Diferentes Categorias de Mundos Habitados

Subsídios:

Evangelho Segundo o Espiritismo
Capítulo 03 ítnes: 1; 2; 3; 5; 8; 9; 10; 15; 17 e 19
O Livros dos Espíritos
Questões: 55 e 188


O Evangelho Segundo o Espiritismo
C A P Í T U L O I I I

Há muitas moradas na casa de meu Pai

INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS

Mundos inferiores e mundos superiores
Mundos de expiações e de provas
Mundos regeneradores
Progressão dos mundos

1. Não se turbe o vosso coração. – Credes em Deus, crede também em mim. muitas moradas na casa de meu Pai; se assim não fosse, já eu vo-lo teria dito, pois me vou para vos preparar o lugar. – Depois que me tenha ido e que vos houver preparado o lugar, voltarei e vos retirarei para mim, a fim de que onde eu estiver, também vós aí estejais. (S. JOÃO, 14:1 a 3.)

DIFERENTES ESTADOS DA ALMA NA ERRATICIDADE

2. A casa do Pai é o Universo. As diferentes moradas são os mundos que circulam no espaço infinito e oferecem, aos
Espíritos que neles encarnam, moradas correspondentes ao adiantamento dos mesmos Espíritos. Independente da diversidade dos mundos, essas palavras de Jesus também podem referir-se ao estado venturoso ou desgraçado do Espírito na erraticidade. Conforme se ache este mais ou menos depurado e desprendido dos laços materiais, variarão ao infinito o meio em que ele se encontre, o aspecto das coisas, as sensações que experimente, as percepções que tenha. Enquanto uns não se podem afastar da esfera onde viveram, outros se elevam e percorrem o espaço e os mundos; enquanto alguns Espíritos culpados erram nas trevas, os bem-aventurados gozam de resplendente claridade e do espetáculo sublime do Infinito; finalmente, enquanto o mau, atormentado de remorsos e pesares, muitas vezes insulado, sem consolação, separado dos que constituíam objeto de suas afeições, pena sob o guante dos sofrimentos morais, o justo, em convívio com aqueles a quem ama, frui as delícias de uma felicidade indizível. Também nisso, portanto, há muitas moradas, embora não circunscritas, nem localizadas.

DIFERENTES CATEGORIAS DE MUNDOS HABITADOS

3. Do ensino dado pelos Espíritos, resulta que muito diferentes umas das outras são as condições dos mundos, quanto ao grau de adiantamento ou de inferioridade dos seus habitantes. Entre eles há os em que estes últimos são ainda inferiores aos da Terra, física e moralmente; outros, da mesma categoria que o nosso; e outros que lhe são mais ou menos superiores a todos os respeitos. Nos mundos inferiores, a existência é toda material, reinam soberanas as paixões, sendo quase nula a vida moral. À medida que esta se desenvolve, diminui a influência da matéria, de tal maneira que, nos mundos mais adiantados, a vida é, por assim dizer, toda espiritual.

5. Os Espíritos que encarnam em um mundo não se acham a ele presos indefinidamente, nem nele atravessam todas as fases do progresso que lhes cumpre realizar, para atingir a perfeição. Quando, em um mundo, eles alcançam o grau de adiantamento que esse mundo comporta, passam para outro mais adiantado, e assim por diante, até que cheguem ao estado de puros Espíritos. São outras tantas estações, em cada uma das quais se lhes deparam elementos de progresso apropriados ao adiantamento que já conquistaram. É-lhes uma recompensa ascenderem a um mundo de ordem mais elevada, como é um castigo o prolongarem a sua permanência em um mundo desgraçado, ou serem relegados para outro ainda mais infeliz do que aquele a que se vêem impedidos de voltar quando se obstinaram no mal.

INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS

MUNDOS INFERIORES E MUNDOS SUPERIORES

8. A qualificação de mundos inferiores e mundos superiores nada tem de absoluta; é, antes, muito relativa. Tal  mundo é inferior ou superior com referência aos que lhe estão acima ou abaixo, na escala progressiva. Tomada a Terra por termo de comparação, pode-se fazer idéia do estado de um mundo inferior, supondo os seus habitantes na condição das raças selvagens ou das nações bárbaras que ainda entre nós se encontram, restos do estado primitivo do nosso orbe. Nos mais atrasados, são de certo modo rudimentares os seres que os habitam. Revestem a forma humana, mas sem nenhuma beleza. Seus instintos não têm a abrandá-los qualquer sentimento de delicadeza ou de benevolência, nem as noções do justo e do injusto. A força bruta é, entre eles, a única lei. Carentes de indústrias e de invenções, passam a vida na conquista de alimentos. Deus, entretanto, a nenhuma de suas criaturas abandona; no fundo das trevas da inteligência jaz, latente, a vaga intuição, mais ou menos desenvolvida, de um Ente supremo. Esse instinto basta para torná-los superiores uns aos outros e para lhes preparar a ascensão a uma vida mais completa, porquanto eles não são seres degradados, mas crianças que estão a crescer. Entre os degraus inferiores e os mais elevados, inúmeros outros há, e difícil é reconhecer-se nos Espíritos puros, desmaterializados e  esplandecentes de glória, os que foram esses seres primitivos, do mesmo modo que no homem adulto se custa a reconhecer o embrião.

9. Nos mundos que chegaram a um grau superior, as condições da vida moral e material são muitíssimo diversas das da vida na Terra. Como por toda parte, a forma corpórea aí é sempre a humana, mas embelezada, aperfeiçoada e, sobretudo, purificada. O corpo nada tem da materialidade terrestre e não está, conseguintemente, sujeito às  necessidades, nem às doenças ou deteriorações que a predominância da matéria provoca. Mais apurados, os sentidos são aptos a percepções a que neste mundo a grosseria da matéria obsta. A leveza específica do corpo permite locomoção rápida e fácil: em vez de se arrastar penosamente pelo solo, desliza, a bem dizer, pela superfície, ou plana na atmosfera, sem qualquer outro esforço além do da vontade, conforme se representam os anjos, ou como os antigos imaginavam os manes nos Campos Elíseos. Os homens conservam, a seu grado, os traços de suas passadas migrações e se mostram a seus amigos tais quais estes os conheceram, porém, irradiando uma luz divina, transfigurados pelas impressões interiores, então sempre elevadas. Em lugar de semblantes descorados, abatidos pelos sofrimentos e paixões, a inteligência e a vida cintilam com o fulgor que os pintores hão figurado no nimbo ou auréola dos santos. A pouca resistência que a matéria oferece a Espíritos já muito adiantados torna rápido o desenvolvimento dos corpos e curta ou quase nula a infância. Isenta de cuidados e angústias, a vida é proporcionalmente muito mais longa do que na Terra. Em princípio, a longevidade guarda proporção com o grau de adiantamento dos mundos. A morte de modo algum acarreta os horrores da decomposição; longe de causar pavor, é considerada uma transformação feliz, por isso que lá não existe a dúvida sobre o porvir. Durante a vida, a alma, já não tendo a constringi-la a matéria compacta, expande-se e goza de uma lucidez que a coloca em estado quase permanente de emancipação e lhe consente a livre transmissão do pensamento.

10. Nesses mundos venturosos, as relações, sempre amistosas entre os povos, jamais são perturbadas pela ambição, da parte de qualquer deles, de escravizar o seu vizinho, nem pela guerra que daí decorre. Não há senhores, nem escravos, nem privilegiados pelo nascimento; só a superioridade moral e intelectual estabelece diferença entre as condições e dá a supremacia. A autoridade merece o respeito de todos, porque somente ao mérito é conferida e se exerce sempre com justiça. O homem não procura elevar-se acima do homem, mas acima de si mesmo, aperfeiçoando-se. Seu objetivo é galgar a categoria dos Espíritos puros, não lhe constituindo um tormento esse desejo, porém, uma ambição nobre, que o induz a estudar com ardor para os igualar. Lá, todos os sentimentos delicados e elevados da natureza humana se acham engrandecidos e purificados; desconhecem-se os ódios, os mesquinhos ciúmes, as baixas cobiças da inveja; um laço de amor e fraternidade prende uns aos outros todos os homens, ajudando os mais fortes aos mais fracos. Possuem bens, em maior ou menor quantidade, conforme os tenham adquirido, mais ou menos por meio da inteligência; ninguém, todavia, sofre, por lhe faltar o necessário, uma vez que ninguém se acha em expiação. Numa palavra: o mal, nesses mundos, não existe.

15. A Terra, conseguintemente, oferece um dos tipos de mundos expiatórios, cuja variedade é infinita, mas revelando todos, como caráter comum, o servirem de lugar de exílio para Espíritos rebeldes à lei de Deus. Esses Espíritos têm aí de lutar, ao mesmo tempo, com a perversidade dos homens e com a inclemência da Natureza, duplo e árduo trabalho que simultaneamente desenvolve as qualidades do coração e as da inteligência. É assim que Deus, em sua bondade, faz que o próprio castigo redunde em proveito do progresso do Espírito. – Santo Agostinho. (Paris, 1862.)

17. Os mundos regeneradores servem de transição entre os mundos de expiação e os mundos felizes. A alma penitente encontra neles a calma e o repouso e acaba por depurar-se. Sem dúvida, em tais mundos o homem ainda se acha sujeito às leis que regem a matéria; a Humanidade experimenta as vossas sensações e desejos, mas liberta das paixões desordenadas de que sois escravos, isenta do orgulho que impõe silêncio ao coração, da inveja que a tortura, do ódio que a sufoca. Em todas as frontes, vê-se escrita a palavra amor; perfeita eqüidade preside às relações sociais, todos reconhecem Deus e tentam caminhar para Ele, cumprindo-lhe as leis.Nesses mundos, todavia, ainda não existe a felicidade perfeita, mas a aurora da felicidade. O homem lá é ainda de carne e, por isso, sujeito às vicissitudes de que libertos só se acham os seres completamente desmaterializados. Ainda tem de suportar provas, porém, sem as pungentes angústias da expiação. Comparados à Terra, esses mundos são bastante ditosos e muitos dentre vós se alegrariam de habitá-los, pois que eles representam a calma após a tempestade, a convalescença após a moléstia cruel. Contudo, menos absorvido pelas coisas materiais, o homem divisa, melhor do que vós, o futuro; compreende a existência de outros gozos prometidos pelo Senhor aos que deles se mostrem dignos, quando a morte lhes houver de novo ceifado os corpos, a fim de lhes outorgar a verdadeira vida. Então, liberta, a alma pairará acima de todos os horizontes. Não mais sentidos materiais e grosseiros; somente os sentidos de um perispírito puro e celeste, a aspirar as emanações do próprio Deus, nos aromas de amor e de caridade que do seu seio emanam.

PROGRESSÃO DOS MUNDOS

19. O progresso é lei da Natureza. A essa lei todos os seres da Criação, animados e inanimados, foram submetidos pela bondade de Deus, que quer que tudo se engrandeça e prospere. A própria destruição, que aos homens parece o termo final de todas as coisas, é apenas um meio de se chegar, pela transformação, a um estado mais perfeito, visto que tudo morre para renascer e nada sofre o aniquilamento. Ao mesmo tempo que todos os seres vivos progridem moralmente, progridem materialmente os mundos em que eles habitam. Quem pudesse acompanhar um mundo em suas diferentes fases, desde o instante em que se aglomeraram os primeiros átomos destinados e constituí-lo, vê-lo-ia a percorrer uma escala incessantemente progressiva, mas de degraus imperceptíveis para cada geração, e a oferecer aos seus habitantes uma morada cada vez mais agradável, à medida que eles próprios avançam na senda do progresso. Marcham assim, paralelamente, o progresso do homem, o dos animais, seus auxiliares, o dos vegetais e o da habitação, porquanto nada em a Natureza permanece estacionário. Quão grandiosa é essa idéia e digna da majestade do Criador! Quanto, ao contrário, é mesquinha e indigna do seu poder a que concentra a sua solicitude e a sua providência no imperceptível grão de areia, que é a Terra, e restringe a Humanidade aos poucos homens que a habitam! Segundo aquela lei, este mundo esteve material e moralmente num estado inferior ao em que hoje se acha e se alçará sob esse duplo aspecto a um grau mais elevado. Ele há chegado a um dos seus períodos de transformação, em que, de orbe expiatório, mudar-se-á em planeta de regeneração, onde os homens serão ditosos, porque nele imperará a lei de Deus. – Santo Agostinho. (Paris, 1862.)


O Livro dos Espíritos

DA CRIAÇÃO
PLURALIDADE DOS MUNDOS
Questão 55. São habitados todos os globos que se movem no espaço?
“Sim e o homem terreno está longe de ser, como supõe, o primeiro em inteligência, em bondade e em perfeição. Entretanto, há homens que se têm por espíritos muito fortes e que imaginam pertencer a este pequenino globo o privilégio de conter seres racionais. Orgulho e vaidade! Julgam que só para eles criou Deus o Universo.” Deus povoou de seres vivos os mundos, concorrendo todos esses seres para o objetivo final da Providência. Acreditar que só os haja no planeta que habitamos fora duvidar da sabedoria de Deus, que não fez coisa alguma inútil. Certo, a esses mundos há de ele ter dado uma destinação mais séria do que a de nos recrearem a vista. Aliás, nada há, nem na posição, nem no volume, nem na constituição física da Terra, que possa induzir à suposição de que ela goze do privilégio de ser habitada, com exclusão de tantos milhares de milhões de mundos semelhantes.


Questão 188. Os Espíritos puros habitam mundos especiais, ou se acham no espaço universal, sem estarem mais ligados a um mundo do que a outros?
“Habitam certos mundos, mas não lhes ficam presos, como os homens à Terra; podem, melhor do que os outros, estar em toda parte.”1
1 Segundo os Espíritos, de todos os mundos que compõem o nosso sistema planetário, a Terra é dos de habitantes menos adiantados, física e moralmente. Marte lhe estaria ainda abaixo, sendo-lhe Júpiter superior de muito, a todos os respeitos. O Sol não seria mundo habitado por seres corpóreos, mas simplesmente um lugar de reunião dos Espíritos superiores, os quais de lá irradiam seus pensamentos para os outros mundos, que eles dirigem por intermédio de Espíritos menos elevados, transmitindo-os a estes por meio do fluido universal. Considerado do ponto de vista da sua constituição física, o Sol seria um foco de eletricidade. Todos os sóis como que estariam em situação análoga. O volume de cada um e a distância a que esteja do Sol nenhuma relação necessária guardam com o grau do seu adiantamento, pois que, do contrário, Vênus deveria ser tida por mais adiantada do que a Terra e Saturno menos do que Júpiter. Muitos Espíritos, que na Terra animaram personalidades conhecidas, disseram estar reencarnados em Júpiter, um dos mundos mais próximos da perfeição, e há causado espanto que, nesse globo tão adiantado, estivessem homens a quem a opinião geral aqui não atribuía tanta elevação. Nisso nada há de surpreendente,

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Tema para Estudo dia 24/09/2010

TEMA PARA O ESTUDO DO DIA 24/09/2010

Formação dos Mundos e da Terra

Subsídios em:
A Gênese Cap. 6 itens: 10; 14; 15; 16 e 17
                      Cap. 7 ítem: 1
Livro dos Espíritos: 1ª parte Cap. 3 questões: 37; 38 e 39

A GENESE – Capítulo 6

10. Há um fluido etéreo que enche o espaço e penetra os corpos. Esse fluido é o éter ou matéria cósmica primitiva, geradora do mundo e dos seres. São-lhe inerentes as forças que presidiram às metamorfoses da matéria, as leis imutáveis e necessárias que regem o mundo. Essas múltiplas forças, indefinidamente variadas segundo as combinações da matéria, localizadas segundo as massas, diversificadas em seus modos de ação, segundo as circunstâncias e os meios, são conhecidas na Terra sob os nomes de gravidade, coesão, afinidade, atração, magnetismo, eletricidade ativa. Os movimentos vibratórios do agente são conhecidos sob os nomes de som, calor, luz, etc. Em outros mundos, elas se apresentam sob outros aspectos, revelam outros caracteres desconhecidos na Terra e, na imensa amplidão dos céus, forças em número indefinito se têm desenvolvido numa escala inimaginável, cuja grandeza tão incapazes somos de avaliar, como o é o crustáceo, no fundo do oceano, para apreender a universalidade dos fenômenos terrestres.
Ora, assim como só há uma substância simples, primitiva, geradora de todos os corpos, mas diversificada em suas combinações, também todas essas forças dependem de uma lei universal diversificada em seus efeitos e que, pelos desígnios eternos, foi soberanamente imposta à criação, para lhe imprimir harmonia e estabilidade.


14. Existindo, por sua natureza, desde toda a eternidade, Deus criou desde toda eternidade e não poderia ser de outro modo, visto que, por mais longínqua que seja a época a que recuemos, pela imaginação, os supostos limites da criação, haverá sempre, além desse limite, uma eternidade — ponderai bem esta idéia —, uma eternidade durante a qual as divinas hipóstases, as volições infinitas teriam permanecido sepultadas em muda letargia inativa e infecunda, uma eternidade de morte aparente para o Pai eterno que dá vida aos seres; de mutismo indiferente para o Verbo que os governa; de esterilidade fria e egoísta para o Espírito de amor e vivificação. Compreendamos melhor a grandeza da ação divina e a sua perpetuidade sob a mão do Ser absoluto! Deus é o Sol dos seres, é a Luz do mundo. Ora, a aparição do Sol dá nascimento instantâneo a ondas de luz que se vão espalhando por todos os lados, na extensão. Do mesmo modo, o Universo, nascido do Eterno, remonta aos períodos inimagináveis do infinito de duração, ao Fiat lux! Do início.

15. O começo absoluto das coisas remonta, pois, a Deus. As sucessivas aparições delas no domínio da existência constituem a ordem da criação perpétua. Que mortal poderia dizer das magnificências desconhecidas e soberbamente veladas sob a noite das idades que se desdobraram nesses tempos antigos, em que nenhuma das maravilhas do Universo atual existia; nessa época primitiva em que, tendo-se feito ouvir a voz do Senhor, os materiais que no futuro haviam de agregar-se por si mesmos e simetricamente, para formar o templo da Natureza, se encontraram de súbito no seio dos vácuos infinitos; quando aquela voz misteriosa, que toda criatura venera e estima como a de uma mãe, produziu notas harmoniosamente variadas, para irem vibrar juntas e modular o concerto dos céus imensos! O mundo, no nascedouro, não se apresentou assente na sua virilidade e na plenitude da sua vida, não. O poder criador nunca se contradiz e, como todas as coisas, o Universo nasceu criança. Revestido das leis mencionadas acima e da impulsão inicial inerente à sua formação mesma, a matéria cósmica primitiva fez que sucessivamente nascessem turbilhões, aglomerações desse fluido difuso, amontoados de matéria nebulosa que se cindiram por si próprios e se modificaram ao infinito para gerar, nas regiões incomensuráveis da amplidão, diversos centros de criações simultâneas ou sucessivas. Em virtude das forças que predominaram sobre um ou sobre outro deles e das circunstâncias ulteriores que presidiram aos seus desenvolvimentos, esses centros primitivos se tornaram focos de uma vida especial: uns, menos disseminados no espaço e mais ricos em princípios e em forças atuantes, começaram desde logo a sua particular vida astral; os outros, ocupando ilimitada extensão, cresceram com lentidão extrema, ou de novo se dividiram em outros centros secundários.

16. Transportando-nos a alguns milhões de séculos somente, acima da época atual, verificamos que a nossa Terra ainda não existe, que mesmo o nosso sistema solar ainda não começou as evoluções da vida planetária; mas, que, entretanto, já esplêndidos sóis iluminam o éter; já planetas habitados dão vida e existência a uma multidão de seres, nossos predecessores na carreira humana, que as produções opulentas de uma natureza desconhecida e os maravilhosos fenômenos do céu desdobram, sob outros olhares, os quadros da imensa criação. Que digo! já deixaram de existir esplendores que muito antes fizeram palpitar o coração de outros mortais, sob o pensamento da potência infinita! E nós, pobres seres pequeninos, que viemos após uma eternidade de vida, nós nos cremos contemporâneos da criação! Ainda uma vez; compreendamos melhor a Natureza. Saibamos que atrás de nós, como à nossa frente, está a eternidade, que o espaço é teatro de inimaginável sucessão e simultaneidade de criações. Tais nebulosas, que mal percebemos nos mais longínquos pontos do céu, são aglomerados de sóis em vias de formação; tais outras são vias-lácteas de mundos habitados; outras, finalmente, sedes de catástrofes e de deperecimento. Saibamos que, assim como estamos colocados no meio de uma infinidade de mundos, também estamos no meio de uma dupla infinidade de durações, anteriores e ulteriores; que a criação universal não se acha restrita a nós, que não nos é lícito aplicar essa expressão à formação isolada do nosso pequenino globo.

A CRIAÇÃO UNIVERSAL

17. Após haver remontado, tanto quanto o permitia a nossa fraqueza, em direção à fonte oculta donde dimanam os mundos, como de um rio as gotas d’água, consideremos a marcha das criações sucessivas e dos seus desenvolvimentos seriais. A matéria cósmica primitiva continha os elementos materiais, fluídicos e vitais de todos os universos que estadeiam suas magnificências diante da eternidade. Ela é a mãe fecunda de todas as coisas, a primeira avó e, sobretudo, a eterna geratriz. Absolutamente não desapareceu essa substância donde provêm as esferas siderais; não morreu essa potência, pois que ainda, incessantemente, dá à luz novas criações e incessantemente recebe, reconstituídos, os princípios dos mundos que se apagam do livro eterno. A substância etérea, mais ou menos rarefeita, que se difunde pelos espaços interplanetários; esse fluido cósmico que enche o mundo, mais ou menos rarefeito, nas regiões imensas, opulentas de aglomerações de estrelas; mais ou menos condensado onde o céu astral ainda não brilha; mais ou menos modificado por diversas combinações, de acordo com as localidades da extensão, nada mais é do que a substância primitiva onde residem as forças universais, donde a Natureza há tirado todas as coisas.


A GENESE – Capítulo 7 PERÍODOS GEOLÓGICOS

1. A Terra conserva em si os traços evidentes da sua formação. Acompanham-se-lhe as fases com precisão matemática, nos diferentes terrenos que lhe constituem o arcabouço. O conjunto desses estudos forma a ciência chamada Geologia, ciência nascida deste século (XIX) e que projetou luz sobre a tão controvertida questão da origem do globo terreno e da dos seres vivos que o habitam. Neste ponto, não há simples hipótese; há o resultado rigoroso da observação dos fatos e, diante dos fatos, nenhuma dúvida se justifica. A história da formação da Terra está escrita nas camadas geológicas, de maneira bem mais certa do que nos livros preconcebidos, porque é a própria Natureza que fala, que se põe a nu, e não a imaginação dos homens a criar sistemas. Desde que se notem traços de fogo, pode dizer-se com certeza que houve fogo ali; onde se vejam os da água, pode dizer-se que a água ali esteve; desde que se observem os de animais, pode dizer-se que viveram aí animais. A Geologia é, pois, uma ciência toda de observação; só tira deduções do que vê; sobre os pontos duvidosos, nada afirma; não emite opiniões discutíveis, por esperar de observações mais completas a solução procurada. Sem as descobertas da Geologia, como sem as da Astronomia, a Gênese do mundo ainda estaria nas trevas da lenda. Graças a elas, o homem conhece hoje a história da sua habitação, tendo desmoronado, para não mais tornar a erguer-se, a estrutura de fábulas que lhe rodeavam o berço.


LIVRO DOS ESPÍRITOS

FORMAÇÃO DOS MUNDOS

O Universo abrange a infinidade dos mundos que vemos e dos que não vemos, todos os seres animados e inanimados, todos os astros que se movem no espaço, assim como os fluidos que o enchem.

Questão 37. O Universo foi criado, ou existe de toda a eternidade, como Deus?
“É fora de dúvida que ele não pode ter-se feito a si mesmo. Se existisse, como Deus, de toda a eternidade, não seria obra de Deus.” Diz-nos a razão não ser possível que o Universo se tenha feito a si mesmo e que, não podendo também ser obra do acaso, há de ser obra de Deus.

Questão 38. Como criou Deus o Universo?
“Para me servir de uma expressão corrente, direi: pela sua Vontade. Nada caracteriza melhor essa vontade onipotente do que estas belas palavras da Gênese – ‘Deus disse: Faça-se a luz e a luz foi feita.”

Questão 39. Poderemos conhecer o modo de formação dos mundos?
“Tudo o que a esse respeito se pode dizer e podeis compreender é que os mundos se formam pela condensação da matéria disseminada no Espaço.”

sábado, 11 de setembro de 2010

Tema para Estudo Doutrinário em 17/09/2010

A GENESE

Item 7. Dizendo que a criação foi feita em seis dias, terá Moisés querido falar de dias de 24 horas, ou terá empregado essa palavra no sentido de período, de duração? É mais provável a primeira hipótese, se nos ativermos ao texto acima, primeiramente, porque esse é o sentido próprio da palavra hebraica iôm, traduzida por dia. Depois, a referência à tarde e à manhã, como limitações de cada um dos seis dias, dá lugar a que se suponha haja ele querido falar de dias comuns. Não se pode conceber qualquer dúvida a tal respeito, estando dito, no versículo 5: “Ele deu à luz o nome de dia e às trevas o nome de noite; e da tarde e da manhã se fez o primeiro dia.” Isto, evidentemente, só se pode aplicar ao dia de 24 horas, constituído de períodos de luz e de trevas. Ainda mais preciso se torna o sentido, quando ele diz, no versículo 17, falando do Sol, da Lua e das estrelas:
“Colocou-as no firmamento do céu, para luzirem sobre a Terra; para presidirem ao dia e à noite e para separarem a luz das trevas. E da tarde e da manhã se fez o quarto dia.” Aliás, tudo, na criação, era miraculoso e, desde que se envereda pela senda dos milagres, pode-se perfeitamente crer que a Terra foi feita em seis vezes 24 horas, sobretudo quando se ignoram as primeiras leis naturais. Todos os povos civilizados partilharam dessa crença, até ao momento em que a Geologia surgiu a lhe demonstrar a impossibilidade.

Item 10. Em face dos progressos da Física e da Astronomia, é insustentável semelhante doutrina. Entretanto, Moisés atribui ao próprio Deus aquelas palavras. Ora, visto que elas exprimem um fato notoriamente falso, uma de duas:
ou Deus se enganou em a narrativa que fez da sua obra, ou essa narrativa não é de origem divina. Não sendo admissível a primeira hipótese, forçoso é concluir que Moisés apenas exprimiu suas próprias idéias. (Cap. I, nº 3.)


LIVRO DOS ESPÍRITOS

23 a) — Qual a natureza íntima do espírito?

“Não é fácil analisar o espírito com a vossa linguagem. Para vós, ele nada é, por não ser palpável. Para nós, entretanto, é alguma coisa. Ficai sabendo: coisa nenhuma é o nada e o nada não existe.”

24. É o espírito sinônimo de inteligência?

“A inteligência é um atributo essencial do espírito. Uma e outro, porém, se confundem num princípio comum, de sorte que, para vós, são a mesma coisa.”

25. O espírito independe da matéria, ou é apenas uma propriedade desta, como as cores o são da luz e o som o é do ar?

“São distintos uma do outro; mas, a união do espírito e da matéria é necessária para intelectualizar a matéria.”

a) — Essa união é igualmente necessária para a manifestação do espírito? (Entendemos aqui por espírito o princípio da inteligência, abstração feita das individualidades que por esse nome se designam.)

“É necessária a vós outros, porque não tendes organização apta a perceber o espírito sem a matéria. A isto não são apropriados os vossos sentidos.”

27. Há então dois elementos gerais do Universo: a matéria e o espírito?

“Sim e acima de tudo Deus, o criador, o pai de todas as coisas. Deus, espírito e matéria constituem o princípio de tudo o que existe, a trindade universal. Mas, ao elemento material se tem que juntar o fluido universal, que desempenha o papel de intermediário entre o espírito e a matéria propriamente dita, por demais grosseira para que o espírito possa exercer ação sobre ela. Embora, de certo ponto de vista, seja lícito classificá-lo com o elemento material, ele se distingue deste por propriedades especiais. Se o fluido universal fosse positivamente matéria, razão não haveria para que também o espírito não o fosse. Está colocado entre o espírito e a matéria; é fluido, como a matéria é matéria, e suscetível, pelas suas inumeráveis combinações com esta e sob a ação do espírito, de produzir a infinita variedade das coisas de que apenas conheceis uma parte mínima. Esse fluido universal, ou primitivo, ou elementar, sendo o agente de que o espírito se utiliza, é o princípio sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão e nunca adquiriria as qualidades que a gravidade lhe dá.”

a) — Esse fluido será o que designamos pelo nome de eletricidade?

“Dissemos que ele é suscetível de inúmeras combinações. O que chamais fluido elétrico, fluido magnético, são modificações do fluido universal, que não é, propriamente falando, senão matéria mais perfeita, mais sutil e que se pode considerar independente.”

28. Pois que o espírito é, em si, alguma coisa, não seria mais exato e menos sujeito a confusão dar aos dois elementos gerais as designações de matéria inerte e matéria inteligente?

“As palavras pouco nos importam. Compete-vos a vós formular a vossa linguagem de maneira a vos entenderdes. As vossas controvérsias provêm, quase sempre, de não vos entenderdes acerca dos termos que empregais, por ser incompleta a vossa linguagem para exprimir o que não vos fere os sentidos.” Um fato patente domina todas as hipóteses: vemos matéria destituída de inteligência e vemos um princípio inteligente que independe da matéria. A origem e a conexão destas duas coisas

nos são desconhecidas. Se promanam ou não de uma só fonte; se há pontos de contacto entre ambas; se a inteligência tem existência própria, ou se é uma propriedade, um efeito; se é mesmo, conforme à opinião de alguns, uma emanação da Divindade,ignoramos. Elas se nos mostram como sendo distintas; daí o considerarmo-las formando os dois princípios constitutivos do Universo. Vemos acima de tudo isso uma inteligência que domina todas as outras, que as governa, que se distingue delas por atributos essenciais. A essa inteligência suprema é que chamamos Deus.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

FLUÍDO CÓSMICO UNIVERSAL - 02

O Fluido Cósmico Universal

Paulo Antonio Ferreira

O FCU ou Fluido Cósmico Universal foi o nome dado pelos Espíritos ao fluido elementar imponderável que serve como intermediário entre o Espírito e a matéria1, que permite a adesão das partículas de matéria e apresenta inúmeras combinações que são observadas como campo eletromagnético e como fluido vital2, sendo ainda o princípio da matéria pesada3.
Comparando com os conceitos da Física, poderíamos associá-lo ao éter, ao campo, ao espaço e à energia. Entretanto esses conceitos da ciência são limitados porque só são válidos no contexto particular ou teoria em que são mencionados. Por outro lado, os conceitos da Física têm variado com o passar do tempo. Por exemplo:
O conceito de campo teve diferentes significados dados por Mach, Maxwell, e Einstein. Na física clássica do século IX o campo só existia no interior dos corpos materiais sendo um conceito auxiliar. Na virada do século XX verificou-se que os fenômenos de interferência e propagação da luz podiam ser melhor explicados se considerássemos a luz se propagando num campo capaz de existir também no espaço vazio, o que implicava na existência do éter como um espaço em repouso absoluto. Mas a Teoria da Relatividade Especial tornou insustentável a hipótese de um éter em repouso. O campo passou então a ser um elemento irredutível da descrição física, tendo sido necessário renunciar à idéia de que o campo eletromagnético deva ser considerado como um estado de um substrato material. Hoje, com a teoria do campo quântico, a palavra campo representa algo bem diverso do seu significado inicial, possuindo propriedades mecânico-quânticas e partículas associadas.
A palavra fluido também variou muito desde a época de Kardec quando o éter era pensado como um fluido em repouso. Hoje, em Física, a palavra fluido é um nome associado apenas a substâncias materiais como os gases e os líquidos, indicando a possibilidade de movimento relativo interno.
Mesmo o conceito de espaço mudou com a teoria da Relatividade Especial, passando a ser um contínuo quadridimensional onde tempo e espaço passaram a ser equivalentes, e depois mudou com a Teoria da Relatividade Geral pois foi dotado de curvatura que depende da quantidade de matéria presente. Na atualidade já foi detectado o arrastamento da estrutura do espaço próximo de buracos negros, deixando o espaço assim de ser considerado como tendo existência independente, ou de ser apenas uma entidade matemática, para ter uma existência objetiva, solidária com a matéria. Mas, diferentemente dos físicos relativistas, os físicos de partículas vêm o espaço-tempo como um cenário de fundo fixo no qual os grávitons (partículas do campo gravitacional) e outros quanta (como os fótons do campo eletromagnético) podem interagir e se propagar. Para os físicos que estudam a teoria das cordas supersimétricas o espaço-tempo deve ter dez dimensões sendo que as dimensões extras são "invisíveis" porque elas se enrolam em círculos muito pequenos, do tamanho do comprimento de Planck (10-35 m!).

Assim, ninguém poderá afirmar que os conceitos atuais da Física não continuarão mudando com o advento de novas teorias no futuro.

Que nome seria escolhido hoje para designar algo que explicasse tanto os campos quanto a energia, o espaço, o fluido vital e que ainda fosse o elemento do qual matéria e antimatéria fossem constituídos? Um elemento assim seria amplo, universal em sua capacidade de explicar tudo, e teria características análogas a um fluido em sua acepção atual, e preencheria o espaço cósmico. Que nome seria melhor do que Fluido Cósmico Universal? Se associarmos o FCU aos conceitos da ciência da época de Kardec isso pareceria um tanto ultrapassado. Mas quem pode dizer que o conceito transmitido pelos Espíritos não era mais parecido com os conceitos atuais da ciência ou quiçá ainda mais avançados, tendo sido interpretado por Kardec pela compreensão que se tinha atingido até então? Se lermos com esse novo enfoque as respostas do Livro dos Espíritos não teremos dúvidas quanto a isso. E o livro "A Estrutura da Matéria segundo os Espíritos" conceitua o FCU como um campo contendo como partículas associadas as partículas elementares, partículas elementares essas ainda não estudadas pela ciência.

Estou certo de que um dia a Física adotará esse nome ou outro similar para designar a substância elementar constitutiva do espaço e da matéria. Nesse dia um tributo será prestado ao Espiritismo por ter salvado esse termo que nos foi dado pelos Espíritos. Em alguns casos devemos usar palavras diferentes das usadas por Kardec, para sermos melhor entendidos por todos, mas no caso do FCU não faz sentido estarmos atualizados com a ciência terrestre quando essa ciência ainda está engatinhando quando comparada à ciência dos Espíritos4. Além disso não devemos nos preocupar tanto com revisões da Doutrina. Os livros básicos da Doutrina Espírita devem ser deixados como estão. Seria uma grande pretensão nossa acharmos que estamos hoje muito adiantados e que os conceitos transmitidos pelos Espíritos estariam ultrapassados. À vista das constantes mudanças do significado das palavras com a evolução da Física, como vimos acima, teríamos que estar então preparados para reescrever os livros da Doutrina Espírita quase que anualmente.

Usemos portanto termos atualizados em nossas palestras, artigos e novos livros, fazendo o devido paralelo com os termos da Doutrina para que todos possam entendê-los, mas não nos esqueçamos que são só palavras, conforme nos foi dito pelos Espíritos:

- "As palavras pouco importam: Cabe-vos formular vossa linguagem de modo que possais entender uns aos outros. Quase sempre vossas disputas vêm de que não vos entendeis quanto às palavras, porque vossa linguagem é incompleta em relação às coisas que não vos ferem os sentidos."

Rio de Janeiro, 15 de Julho de 2000.
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1 - "O Livro dos Espíritos"- Allan Kardec - Cap.II, pergunta 27, FEB.
2 - "O Livro dos Espíritos"- Allan Kardec - Cap.II, pergunta 64, FEB.
3 - "O Livro dos Espíritos"- Allan Kardec - Cap.II, pergunta 29, FEB.
4 - "O Livro dos Médiuns"- Allan Kardec - Cap. XXVI, item293, pergunta 25, FEB.
5 - "O Livro dos Espíritos"- Allan Kardec - Cap.II, pergunta 28, FEB.
Este artigo e outros do autor podem ser encontrados na Internet no endereço: http://users.bmrio.com.br/unidual/

FLUÍDO CÓSMICO UNIVERSAL

Livro dos Espíritos – Fluído Cósmico Universal

Questão nº 27

Há então dois elementos gerais do Universo: a matéria e o espírito?

“Sim e acima de tudo Deus, o criador, o pai de todas as coisas. Deus, espírito e matéria constituem o princípio de tudo o que existe, a trindade universal. Mas, ao elemento material se tem que juntar o fluido universal, que desempenha o papel de intermediário entre o espírito e a matéria propriamente dita, por demais grosseiras para que o espírito possa exercer ação sobre ela. Embora, de certo ponto de vista, seja lícito classificá-lo com o elemento material, ele se distingue deste por propriedades especiais. Se o fluido universal fosse positivamente matéria, razão não haveria para que também o espírito não o fosse. Está colocado entre o espírito e a matéria; é fluido, como a matéria é matéria, e suscetível, pelas suas inumeráveis combinações com esta e sob a ação do espírito, de produzir a infinita variedade das coisas de que apenas conheceis uma parte mínima. Esse fluido universal, ou primitivo, ou elementar, sendo o agente de que o espírito se utiliza, é o princípio sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão e nunca adquiriria as qualidades que a gravidade lhe dá.”

a) — Esse fluido será o que designamos pelo nome de eletricidade?

“Dissemos que ele é suscetível de inúmeras combinações. O que chamais fluido elétrico, fluido magnético, são modificações do fluido universal, que não é, propriamente falando, senão matéria mais perfeita, mais sutil e que se pode considerar independente.”

FLUIDO CÓSMICO UNIVERSAL

O Livro dos Espíritos, q. 1 e 27
Obra codificada por Allan Kardec
Figuras: Elio Mollo

“Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas”.
Resposta dada pelos Espíritos Superiores a Allan Kardec na q. 1 de «O LIVR O DOS ESPÍRITOS».


FLUÍDO CÓSMICO UNIVERSAL

Há dois elementos gerais do Universo: a matéria e o Espírito e acima de tudo Deus, o criador, o pai de todas as coisas.



Deus, espírito e matéria constituem o princípio de tudo o que existe, a trindade universal.

Mas ao elemento material se tem que juntar o FLUIDO UNIVERSAL, que desempenha o papel de intermediário entre o Espírito e a matéria propriamente dita, por demais grosseiras para que o Espírito possa exercer ação sobre ela.

Embora, de certo ponto de vista, seja lícito classificá-lo com o elemento material, ele se distingue deste por propriedades especiais. Se o FLUIDO UNIVERSAL fosse simplesmente matéria, não haveria razão para que o Espírito não o fosse também.

O FLUIDO UNIVERSAL está colocado entre o Espírito e a matéria;
Espírito          Fluido Universal          Matéria
[----------------------I-----------------------]

É fluido, como a matéria, e suscetível, pelas suas inumeráveis combinações com esta e sob a ação do Espírito, de produzir a infinita variedade das coisas de que apenas conheceis uma parte mínima.

Esse fluido universal, ou primitivo, ou elementar, sendo o agente de que o Espírito se utiliza, é o princípio sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão e nunca adquiriria as qualidades que a gravidade lhe dá. q. 27(LE).

Esse fluido é suscetível de inúmeras combinações. O que chamamos de fluido elétrico, fluido magnético, são modificações do fluido universal, que não é propriamente falando, senão matéria mais perfeita, mais sutil e que se pode considerar independente. q. 27. a (LE).

Elementos fluídicos

A Gênese, cap. XIV. Itens de 2 a 6

Obra codificada por Allan Kardec

O FLUIDO CÓSMICO UNIVERSAL é a matéria elementar primitiva, cujas modificações e transformações constituem a inumerável variedade dos corpos da Natureza.

Como princípio elementar do Universo, ele assume dois estados distintos:

•eterização ou imponderabilidade - primitivo estado normal

•materialização ou de ponderabilidade - consecutivo ao estado normal primitivo

O ponto intermédio é o da transformação do fluido em matéria tangível.

Mas, ainda aí, não há transição brusca, porquanto podem considerar-se os nossos fluidos imponde-
ráveis como termo médio entre os dois estados.
Cada um desses dois estados dá lugar, naturalmente, a fenômenos especiais: ao segundo pertencem os do mundo visível e ao primeiro os do mundo invisível. Uns, os chamados fenômenos materiais, são da alçada da Ciência propriamente dita, os outros, qualificados de fenômenos espirituais ou psíquicos, porque se ligam de modo especial à existência dos Espíritos, cabem nas atribuições do Espiritismo.
Como, porém, a vida espiritual e a vida corporal se acham incessantemente em contacto, os fenômenos das duas categorias muitas vezes se produzem simultaneamente. No estado de encarnação, o homem somente pode perceber os fenômenos psíquicos que se prendem à vida corpórea; os do domínio espiritual escapam aos sentidos materiais e só podem ser percebidos no estado de Espírito.
(1) A denominação de fenômeno psíquico exprime com mais exatidão o pensamento, do que a de fenômeno espiritual, dado que esses fenômenos repousam sobre as propriedades e os atributos da alma, ou, melhor, dos fluidos perispiríticos, inseparáveis da alma. Esta qualificação os liga mais intimamente à ordem dos fatos naturais regidos por leis; pode-se, pois, admiti-los como efeitos psíquicos, sem os admitir a título de milagres.

No estado de eterização, o fluido cósmico não é uniforme;
Sem deixar de ser etéreo, sofre modificações tão variadas em gênero e mais numerosas talvez do que no estado de matéria tangível. Essas modificações constituem fluidos distintos que, embora procedentes do mesmo princípio, são dotados de propriedades especiais e dão lugar aos fenômenos peculiares ao mundo invisível.
Dentro da relatividade de tudo, esses fluidos têm para os Espíritos, que também são fluídicos, uma aparência tão material, quanto à dos objetos tangíveis para os encarnados e são, para eles, o que são para nós as substâncias do mundo terrestre. Eles os elaboram e combinam para produzirem determinados efeitos, como fazem os homens com os seus materiais, ainda que por processos diferentes. Lá, porém, como neste mundo, somente aos Espíritos mais esclarecidos é dado compreender o papel que desempenham os elementos constitutivos do mundo onde eles se acham. Os ignorantes do mundo invisível são tão incapazes de explicar a si mesmos os fenômenos a que assistem e para os quais muitas vezes concorrem maquinalmente, como os ignorantes da Terra o são para explicar os efeitos da luz ou da eletricidade, para dizer de que modo é que vêem e escutam.
Os elementos fluídicos do mundo espiritual escapam aos nossos instrumentos de análise e à percepção dos nossos sentidos, feitos para perceberem a matéria tangível e não a matéria etérea. Alguns, pertencentes a um meio diverso a tal ponto do nosso, que deles só podemos fazer idéia mediante comparações tão imperfeitas como aquelas mediante as quais um cego de nascença procura fazer idéia da teoria das cores. Mas, entre tais fluidos, há os tão intimamente ligados à vida corporal, que, de certa forma, pertencem ao meio terreno. Em falta de observação direta, seus efeitos podem observar-se, como se observam os do fluido do imã, fluido que jamais se viu, podendo-se adquirir sobre a natureza deles conhecimentos de alguma precisão. É essencial esse estudo, porque está nele a chave de uma imensidade de fenômenos que não se conseguem explicar unicamente com as leis da matéria.

A pureza absoluta, da qual nada nos pode da r idéia, é o ponto de partida do fluido universal; o ponto oposto é o em que ele se transforma em matéria tangível.

Entre esses dois extremos, dão-se inúmeras transformações, mais ou menos aproximadas de um e de outro. Os fluidos mais próximos da materialidade, os menos puros, conseguintemente, compõem o que se pode chamar a atmosfera espiritual da Terra. É desse meio, onde igualmente vários são os graus de pureza, que os Espíritos encarnados e desencarnados, deste planeta, haurem os elementos necessários à economia de suas existências. Por muito sutis e impalpáveis que nos sejam esses fluidos, não deixam por isso de ser de natureza grosseira, em comparação com os fluidos etéreos das regiões superiores. O mesmo se dá na superfície de todos os mundos, salvo as diferenças de constituição e as condições de vitalidade próprias de cada um. Quanto menos material é a vida neles, tanto menos afinidades têm os fluidos espirituais com a matéria propriamente dita. Não é rigorosamente exata a qualificação de fluidos espirituais, pois que, em definitiva, eles são sempre matéria mais ou menos quintessenciada. De realmente espiritual, só a alma ou princípio inteligente. Dá-se-lhes essa denominação por comparação apenas e, sobretudo, pela afinidade que eles guardam com os Espíritos. Pode dizer-se que são as matérias do mundo espiritual, razão por que são chamados fluidos espirituais. Quem conhece, aliás, a constituição íntima da matéria tangível? Ela talvez somente seja compacta em relação aos nossos sentidos; prová-lo-ia a facilidade com que a atravessam os fluidos espirituais e os Espíritos, aos quais não oferece maior obstáculo, do que o que os corpos transparentes oferecem à luz. Tendo por elemento primitivo o fluído cósmico etéreo, à matéria tangível há de ser possível, desagregando-se, voltar ao estado de eterização, do mesmo modo que o diamante, o mais duro dos corpos, pode volatilizar-se em gás impalpável. Na realidade, a solidificação da matéria não é mais do que um estado transitório do fluido universal, que pode volver ao seu estado primitivo, quando deixam de existir as condições de coesão. Quem sabe mesmo se, no estado de tangibilidade, a matéria não é suscetível de adquirir uma espécie de eterização que lhe daria propriedades particulares? Certos fenômenos, que parecem autênticos, tenderiam a fazer supô-lo. Ainda não conhecemos senão as fronteiras do mundo invisível; o porvir, sem dúvida, nos reserva o conhecimento de novas leis, que nos permitirão compreender o que se nos conserva em mistério.

Fonte:
http://www.aeradoespirito.net/Livros1/FluidoCosmicoUniversal.pdf